A FOME E A MISÉRIA CULTURAL BRASILEIRA - 1994


Arte Efêmera -  Instalação: A fome e a miséria cultural brasileira - 1994 - Toninho de Souza - 
Foto: TS. 1ª Feira Internacional de Cultura - XIII Feira do Livro de Brasilia - 1994 - Brasília DF.



Por Octávio Lacerda, 



          A  XIII Feira do Livro de Brasília no ano de 1994, que aconteceu no Pavilhão de Feiras e Exposições do Parque da Cidade, teve uma expectativa de 200 mil visitantes conforme depoimentos do organizador da feira Victor Alegria, publicado no Correio Braziliense, do dia 28 de setembro de 1994. 


Arte Efêmera -  Instalação: A fome e a miséria cultural brasileira - 1994 - Toninho de Souza - Foto: TS.
1ª Feira Internacional de Cultura - XIII Feira do Livro de Brasilia - 1994 - Brasília DF.
          Porém, o que chamou minha atenção ao pesquisar para publicar este post, é que a feira seria aberta oficialmente  com a presença do Ministro da Cultura, Luis Roberto Nascimento e Silva, representando o Presidente da República Itamar Franco, que iria abrir a XIII Feira do Livro e paralelamente a  1ª Feira Internacional de Cultura, que foi criada pelos organizadores para revigorar a mostra naquele ano apresentando alem do livro, música, dança, artes visuais, teatro e cinema voador com filmes diários, tendo como exibição principal "A Terceira Margem do Rio" de Nelson Pereira dos Santos. 
          Nas Artes Visuais, quem foi convidado para idealizar uma instalação de arte, na entrada principal da 1ªFeira Internacional de Cultura no Pavilhão de Eventos e Exposições do Parque da Cidade,  foi o Artista Toninho de Souza, que apresentou como protesto,  a obra: "A fome e a miséria cultural brasileira", que era composta por 120 kg de arroz, 120 kg de feijão, 200 kg de carvão e um dicionário iluminado por uma lanterna, fixada em uma escultura de cano de esgoto, que abrangia os materiais instalados. 



Arte Efêmera -  Instalação: A fome e a miséria cultural brasileira - 1994 - Toninho de Souza - Foto: TS. 1ª Feira Internacional de Cultura - XIII Feira do Livro de Brasilia - 1994 - Brasília DF.

          O interessante é que o consagrado artista baiano radicado em Brasilia desde 1957, e que tinha ganho em 1991, um prêmio artístico de Viagem à Europa em 1991,  ao obter o 1º lugar no Rio de Janeiro em 1991, aproveitou aquela primeira feira internacional de cultura em 1994, para colocar uma arte que enfatizava a sua primeira arte na categoria de instalação com objetivo de protesto aos anseios dos artistas pela valorização da cultura brasileira.  
          A Instalação de Toninho de Souza, apresenta pela primeira vez, elementos singulares do cotidiano alimentar do brasileiro como o arroz e o feijão, representando a fome física,  a luz da lanterna sobre o dicionário representando o foco principal de toda a emblemática do que se cria, fala ou escreve um povo de um país sendo calcinado (rodeado por 120 kg de  carvão como elemento simbólico do deixar queimar e ficar calcinado, torrado os anseios culturais)  em todos os sentidos por falta de interesse pelas artes visuais, os poetas e escritores  do pais.


Arte Efêmera -  Instalação: A fome e a miséria cultural brasileira - 1994 - Toninho de Souza -
 Foto: TS. 1ª Feira Internacional de Cultura - XIII Feira do Livro de Brasilia - 1994 - Brasília DF.
          Aquele ano de 1994, foi um dos melhores recordes de visitantes da Feira do Livro de Brasília com a implantação paralela da 1ª Feira Internacional de Cultura.
           Toninho de Souza, implanta o carvão como elemento simbólico de protesto pela primeira vez em sua arte em 1994, ao circundar os elementos tradicionais da alimentação do povo brasileiro (arroz e feijão) que não deve faltar no prato da população e o intelecto e mental representado pelo dicionário (palavras, locuções, afixos, etc) que simbolicamente questiona o descaso com a cultura brasileira (literatura, teatro, cinema, dança, musica, artes visuais, etc).


Arte Efêmera -  Instalação: A fome e a miséria cultural brasileira - 1994 - Toninho de Souza - 
Foto: Vanda Bruno. 1ª Feira Internacional de Cultura - XIII Feira do Livro de Brasilia - 1994

Comentários