2ª Bienal de Arte Contemporânea de
Toninho de Souza no DF - 1995
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Pinturas Preto e Branco Acrílica sobre Lona Plastica - 2oo cm x 2oo cm - 1995 2ª Bienal de Arte Contemporânea de Toninho de Souza no DF. Arte Efêmera - Toninho de Souza Rodoviária de Brasilia |
Por Octávio Lacerda,
Estabelecer em que movimentos determinados artistas trilharam na história da arte, às vezes deixa o amante da arte confuso. Piet Mondrian, antes de criar o movimento Neoplasticismo foi influenciado pelo Naturalismo, Impressionismo, Pós-impressionismo e Simbolismo. E se pesquisarmos Pablo Picasso, Salvador Dali e outros famosos dos "ismos" todos passaram por períodos de influências em suas trajetórias artísticas.
Quem acompanha a trajetória de Toninho de Souza, criador do movimento da Melanciacultura em 1981, sabe que dez anos depois, realizou sua ruptura em 1990. Após a ruptura, passou três anos pesquisando para criar o movimento do Melantucanarismo em 1993, em plena 1ª Bienal de Arte Contemporânea de Toninho de Souza no DF, com dez individuais simultâneas, sendo a última mostra da bienal a do manifesto do Melantucanarismo na Kasa Galeria, última mostra da série com abertura no dia 26 de novembro e encerramento no dia 15 de dezembro de 1993.
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Pinturas Preto e Branco - Rodoviária de Brasília Acrílica sobre Lona Plastica - 200 cm x 200 cm - 1995 2ª Bienal de Arte Contemporânea de Toninho de Souza no DF. Arte Efêmera - Toninho de Souza |
A força da denominação da Arte Contemporânea na crítica brasileira e internacional, era tão forte como ainda é, que o próprio nome da 1ª Bienal de Arte Contemporânea de Toninho de Souza no DF, ofuscou a mídia local e a mostra Melantucanarismo não teve forte repercussão na mídia como uma nova linguagem que o artista estava lançando naquele século e naquela bienal em pleno alvoroço da denominada Arte Contemporânea.
Mas, vem a dúvida histórica, já que lançou o Melantucanarismo naquele bienal, por que aconteceram mais três bienais com o nome de Arte Contemporânea ao invés de Bienal de Arte do Melantucanarismo?
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2ª Bienal de Arte Contemporânea de
Toninho de Souza no DF.
Arte Efêmera - Toninho de Souza |
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2ª Bienal de Arte Contemporânea de
Toninho de Souza no DF.
Arte Efêmera - Toninho de Souza |
Conversando com o artista, ele argumentou que sendo Brasília, uma Capital importante no país, e mesmo sendo uma grande metrópole, a cidade era carente de galerias de artes, ausência de críticos e compradores de artes para fortalecer o mercado local nas artes plasticas, e sem recursos financeiros e apoio logístico para fortalecer seu movimento independente, sem depender das aberturas que o sistema oferece nas artes públicas, ele resolveu permanecer na busca da essência da arte, de forma anônima, sem enfrentar o sistema em seu manifesto independente do Melantucanarismo.
E assim, permaneceu fiel à sua linguagem buscando novas categorias da arte como escultura, objetos, instalações, o Preto e o Branco sem enfatizar para a mídia o movimento do Melantucanarismo que ainda estava soterrado pela Arte Contemporânea que rolava nos salões de artes, jornais, revistas de artes de criticas jornalisticas pelo país e pelo mundo.
A febre do modismo social e cultural de quem não faz o que está na moda, fatalmente estaria fora do sistema cultural, à margem, e também excluídos dos salões promovidos com a presença de curadores e críticos alienados pela arte contemporânea que assola o mundo desde a segunda guerra mundial até hoje.
Mas, Toninho de Souza, mesmo atuando sem alarde jornalistico na mídia artistica, no ano seguinte a sua segunda bienal, em 1996, foi para a grande São Paulo realizar uma individual que deu o titulo de "Melantucanarismo" no Espaço Cultural da Aliança Francesa na Capital Paulista.
A 1ª Bienal de Arte Contemporânea de Toninho de Souza no DF - 1993, foi uma grande mostra que aconteceu em dez das melhores galerias de artes da cidade simultaneamente.
A segunda bienal, em 1995, foi totalmente diferente da primeira. Ao invés de ocupar as grandes galerias da cidade, Toninho de Souza resolveu ocupar toda cidade em suas vias urbanas e locais onde circulam grande massa da população.
Este artista audacioso e irreverente ocupou com suas intervenções urbanas os seguintes locais:
-Esplanada da Arte - composta de 10 grandes painéis em paradas de ônibus da Esplanada dos Ministérios;
-Pintura Door - Arte para o mundo, foi composta de 10 murais de 3 por 9 metros pintados no seu atelier e fixados em dez out-doors distribuídos no Plano Piloto e Cidades-satélites (Cidades Administrativas);
-Pinturas Preto e Branco - Grandes painéis pintados sobre lona plasticas de 2x2 metros fixados nas colunas da Rodoviária de Brasilia;
- Escultura - Arte para o Povo - Uma instalação de arte composta de escultura e lona plastica na Rodoferroviária de Brasilia;
- Instalação - II Feira Internacional de Cultura - Uma instalação de arte, intitulada a "Crise" composta de esculturas, lonas plasticas, tinta líquida questionando a crise econômica do pais naquele ano.
- Atelier Aberto - Workshop - o atelier o artista é um museu vivo com um grande painel externo de 35 metros de extensão por 2 metros de altura. Composto internamente com um barracão de madeira de 100 m² de área expositiva onde o artista produziu todas as obras da bienal e estava aberto a visitação pública, único local de acesso restrito, sob agendamento para visitação interna. Externa não era necessário agendamento.
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